Janeiro talvez seja um pouco tarde para publicar listas de coisas que me agradaram em 2024, mas foram tantos jogos interessantes que quero compartilhar com alguém independente do calendário oficial. Também acredito que até o fim do mês ainda podemos falar “feliz ano novo”, então que mal faria um compilado de jogos?
No ano que passou me propus uma troca: ao invés de me perder em feeds de redes sociais que me causavam ansiedade, faria alguma coisa que me agrada e que, por muito tempo, considerava improdutiva demais para me permitir: jogar videogames. Por isso, acabei não só explorando franquias familiares, como também títulos que por muito tempo passaram por mim apenas em comentários de amigos e que sempre tive curiosidade de conhecer.
Por isso, a lista abaixo tem muitas obras que não foram lançadas em 2024 (assim como foi o caso com os livros que marcaram o ano). Ao lado de cada uma coloquei entre parênteses qual foi a plataforma onde joguei, ainda que muitos deles estejam disponíveis em outras. No final, deixei uma listinha com menções de jogos que também me agradaram bastante mas nos quais não entro em detalhes.
Ao longo do ano comentei sobre alguns itens da lista na seção “Não Sai da Cabeça” da Mil Palavras, a newsletter onde todo mês eu compartilho uma fotografia autoral e um conto que escrevo a partir dela. Se quiser ler novas histórias e acompanhar as novidades em 2025, é só assinar a newsletter aqui embaixo. É de graça. 🙂
Os Jogos Que Marcaram Meu 2024
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Metroid
Começo a lista roubando. Não quero falar de um só jogo mas sim de uma série que ocupou o começo de 2024. Mas o blog é meu, então imagino que o editor não vá se importar com esta tecnicalidade.
O primeiro Metroid que terminei, há mais de uma década, foi o Metroid Fusion no Game Boy Advance. Desde então me mantive um pouco longe da série, até que resolvi me aventurar de novo com Metroid: Dread (Switch). O jogo retomava a proposta original em 2D com mecânicas mais avançadas e combates dinâmicos e enfurecedores. A minha opinião (provavelmente controversa) é de que aqui vi a série no seu ápice. Gostei tanto que, assim que terminei, entrei em uma jornada de revisitar outros jogos da franquia.
Logo engatei Metroid: Samus Returns (3DS), remake do segundo jogo da série, originalmente para Game Boy. Em seguida, foi a vez do remake de Metroid Prime (Switch). Fiquei feliz em finalmente terminar o jogo depois de muitos anos do lançamento original para Game Cube. As melhorias de jogabilidade, como o uso do segundo analógico para o controle da câmera, deixaram a experiência muito mais divertida. Também não pude deixar de lado Metroid Prime 2 (Nintendo, não me processe), que também me divertiu, apesar de que menos do que o primeiro.
Revisitei também os clássicos: Super Metroid (Nintendo Switch Online), que por azar da vida não experimentei nos anos 1990 quando tinha meu Super Nintendo, e Metroid: Zero Mission (Nintendo, não me processe), remake do primeiro jogo de NES lançado para o Game Boy Advance.
Todos os jogos da série me atraem pela exploração relativamente livre, a evolução natural baseada na conquista de novas habilidades e um universo sci-fi com a maior heroína da Nintendo.
Aos poucos pude notar as melhorias na exploração dos cenários, na estratégia das lutas de chefe e no equilíbrio da recompensa por sair do caminho e procurar outros recursos que deixam Samus mais poderosa. Mas mesmo nos títulos mais antigos, já é possível notar uma identidade que segue presente até hoje. Não é à toa que a série ajudou a definir todo um estilo de jogo, e no resto do ano busquei outros Metroidvanias para matar a suprir a vontade por mais. Hoje, aguardo ansiosamente o lançamento de Metroid Prime 4 em 2025.
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The Last of Us Partes I e II (PS5)
Já falei em outro post que cheguei bem atrasado para a festa de The Last of Us. Não tinha um Playstation na época do lançamento original em 2013 e da sequência em 2020. Em 2024 finalmente decidi explorar os dois e, como gosto de uma boa narrativa, pude entender a razão de tanto hype ao redor da franquia.
Apesar de normalmente gostar de jogos mais abertos e exploratórios do que a narrativa linear de The Last of Us, cada ambiente aqui recompensa quem se aventura nos cantinhos do mundo criado pela Naughty Dog. Além de encontrar os (escassos) recursos necessários para sobreviver no jogo, somos presenteados com cenários que refletem a vida de pessoas que já não estão ali, as cartas que escreveram a seus familiares ou diários que deixaram para trás e às vezes até gravações de áudio. São tantos pequenos detalhes que constroem um mundo rico onde os personagens vivem, fazendo com que seja fácil mergulhar na história e na jornada de Ellie e Joel.
A atuação dos personagens (captados em estúdio), a trilha sonora, a forma como o jogo consegue contar histórias com interações do jogador e não somente uma sequência de clipes de vídeo, fazem da série uma obra prima da narrativa dos videogames. Poderia escrever um texto inteiro sobre The Last of Us (e, eventualmente, vou mesmo), mas, enquanto isso, recomendo os dois vídeos de “making of” da série: Grounded – The Making of The Last of Us, e Grounded II.
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Hades (Switch)
Sempre odiei jogos que me fazem morrer várias e várias vezes. Me frustrava com ter que começar do zero uma sequência de eventos e fases por conta de um erro besta que me fez perder uma luta depois de quarenta minutos jogando. Por isso mesmo, sempre achei que fosse odiar Hades e qualquer outro jogo do tipo (conhecidos como roguelike), em que a premissa é basicamente essa: jogue até onde conseguir, morra e tente de novo.
Só que Hades faz isso muito bem. A história já é atraente: você é Zagreus, filho de Hades, tentando fugir do reino dos mortos para encontrar sua mãe, que vive entre os humanos. Para isso, você precisa abrir seu caminho por todos os níveis do inferno. Ao contrário do desejo do pai de Zagreus, outros deuses do Olimpo querem ajudá-lo e, em cada tentativa, você é auxiliado pelo poder combinado de alguns deles.
Assim como outros jogos do estilo, cada vez que morre você volta com algumas coisas que coletou no caminho, o que ajuda a melhorar o personagem ou as armas que pode levar. A cada nova tentativa, os cenários de são gerados aleatoriamente, o que faz com que a aventura não seja repetitiva.
Além disso, aos poucos você desenvolve relações com os deuses que encontra, o que desenrola a história e permite ao jogador descobrir mais sobre o passado do personagem. É inacreditável a quantidade de diálogos variáveis que devem existir nesse jogo para dar conta de todas as interações que acontecem aleatoriamente.
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The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom (Switch)
Não consigo deixar passar um Zelda. Mesmo durante as última décadas, quando fiquei um pouco mais distante de videogames, o lançamento de um novo título da franquia sempre foi razão suficiente para me deixar algumas semanas imerso em Hyrule, antes de voltar ao terrível mundo real. Com Echoes of Wisdom tinha ainda mais motivos para isso: era o primeiro jogo que coloca Zelda como protagonista e voltamos a um modelo mais tradicional da franquia — tanto visualmente quanto com a estrutura do jogo.
A experiência logo me levou de volta a títulos da série como A Link to The Past (Super Nintendo) e Oracle of Ages/Oracle of Seasons (Game Boy Color). Hyrule estava familiar, apesar de adaptado. Personagens e povos incluídos mais recentemente na série foram incorporados, enquanto a principal forma de combate e de solução de puzzles foi completamente refeita para dar a Zelda uma série de recursos diferentes dos de Link.
A aventura foi curta e um pouco mais fácil do que os títulos mais recentes da franquia, mas me diverti demais em cada minuto que passei nela.
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Ghost of Tsushima (PS5)
Tá certo, eu roubei com esse também. Terminei o jogo no dia 02 de janeiro de 2025, mas como a maior parte da experiência aconteceu no ano passado e gostei muito mais dele do que imaginava, achei que seria justo incluí-lo aqui.
Não conhecia Ghost of Tsushima, apesar de depois descobrir que ele foi indicado ao premio de jogo do ano no Game Awards de 2020 (quando The Last of Us Part II levou o prêmio, competindo também com Animal Crossing, Hades e Final Fantasy VII Remake). Resolvi jogá-lo porque vi que a história parecia interessante e ele estava disponível pela assinatura da PS Plus. Mal sabia que estava prestes a ser maravilhado.
Primeiro, a narrativa é inspirada visualmente nos filmes de Akira Kurosawa, sendo que o jogo até oferece um “modo Kurosawa” para quem quiser jogar usando um filtro preto e branco e imagens granuladas. Os acontecimentos trazem temáticas familiares aos fãs dos filmes do diretor, focando na jornada de um samurai que vive na ilha de Tsushima durante a invasão dos mongóis.
A história é dividida em três atos, todos explicitados com grandes títulos de transição. As partes da narrativa são divididas em “contos”, tanto os que fazem parte do arco principal como as missões secundárias. O arco do protagonista, Jin Sakai, está muito bem construído e tem todos os elementos de uma tragédia.
Apesar de ter sido desenvolvido por um estúdio norte-americano, o estudo do período histórico, dos objetos e artefatos está tão profundo que o jogo vira um museu interativo que nos leva de volta a um Japão que não existe mais.
Com um mundo aberto limitado apenas pelo mar, temos toda a ilha de Tsushima para explorar, expulsar invasores, obter melhorias encontrando fontes termais, tocas de raposa, locais cenográficos para compor haikus e pequenos postes de bambu para testar nossa técnica com a espada. É um lugar cativante, com muito a explorar, um sistema de combate que requer planejamento e, o que deixa tudo mais agradável, com cenários lindos de ver.
Recentemente a Sony anunciou o lançamento da sequência já para 2025. Espero voltar no final do ano e falar um pouco sobre o novo título: Ghost of Yōtei.
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Menções Honrosas
Além dos títulos acima, também joguei muitas outras coisas que me divertiram bastante e que não quero deixar de citar. Não vou alongar esse post falando de cada um deles, apesar de merecerem sua dose de atenção. Aqui vai a listinha:
Ori and The Blind Forest (Switch)
Eastward (Switch)
Animal Well (Switch)
God of War (PS5)
Hogwarts Legacy (Switch)
Detroit: Become Human (PS5)
Citizen Sleeper (Switch)
Tales of Kenzera – Zau (PS5)
Stray (PS5)
Umurangi Generation (Switch)
Neva (Switch)
Se quiser conversar comigo sobre algum desses jogos ou tiver uma recomendação, é só me mandar uma mensagem ou deixar um comentário. Ao longo do ano vou falando de alguns jogos que me agradam na Mil Palavras, a newsletter que mando todo mês junto com uma fotografia e um conto. Se quiser me acompanhar, é só assinar aqui embaixo!