Antes mesmo de abrir meu HD externo, comecei a tentar me lembrar das fotos que tirei nos últimos dez anos. É claro que não lembraria de tudo, mas quando você passa horas selecionando as melhores imagens e editando cada detalhe, muitas delas se tornam difíceis de esquecer. Quando um colega falou sobre uma viagem que eu tinha feito em 2016, a imagem de pessoas caminhando sobre dunas com grandes áreas de luz e sombra me veio à cabeça. Uma foto tirada em Sossusvlei, na Namíbia, há mais de 6 anos.
Foi assim que escolhi minha foto favorita entre as três que fazem parte da exposição “O Lápis da Natureza”, organizada pela Escola Câmera Criativa em celebração ao Dia Mundial da Fotografia no último sábado 19 de agosto. Com tema livre, o principal pré-requisito era que as fotografias expostas fossem em preto e branco.
Logística Montanhista. Aconcágua, Argentina, 2015 ©João Aguiar
Resolvi participar da exposição por diversos motivos. Primeiro porque o simples fato de ver seu trabalho impresso com qualidade hoje em dia já oferece uma nova relação com as fotos. Elas deixam de ser um arquivo .jpg enterrado em algum canto do seu computador e se tornam algo tangível. Uma coisa que você pode literalmente pendurar na parede. Depois porque eu me motivo muito fazendo atividades de forma coletiva, criando junto com outras pessoas, e compartilhando as coisas que gosto de fazer com elas. Assim, ver uma foto minha junto com a de tanta gente talentosa e poder conversar com elas sobre os trabalhos que escolheram, também foi uma experiência muito animadora e que me dá vontade de continuar clicando.
Por fim, enquanto aprendi cada vez mais como escolher e editar minhas fotos ao longo dos anos, acho interessante revisitar algumas coisas que fiz no passado e olhar para elas de uma forma diferente. Na época nunca tinha pensado em ver como as fotos escolhidas ficavam em preto e branco, e só a curiosidade de experimentar já me trouxe novas ideias.
Humanidade em Escala. Altiplanos Bolivianos, 2015. © João Aguiar
No último ano a fotografia tem sido meu lugar feliz, como dizem por aí e por falta de uma definição melhor. Além do que eu já costumava fazer—caçar paisagens e registrar momentos de viagens—esse ano aprendi muito mais sobre como controlar a luz, como contar histórias com fotos, e como trabalhar em um estúdio. Tudo isso junto com outros e outras artistas que têm o mesmo prazer na arte, uns sempre mantendo os outros inspirados. Por isso, mesmo já passando alguns dias da abertura da exposição, não queria deixar de compartilhar esse momento por aqui.
Deserto. Namíbia, 2016. © João Aguiar
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